Há cerca de 15 anos, em mais uma entrevista que poderia ter um resultado monótono, conheci Adriana Barra. Ledo engano: se há algo que seu sorriso não possui é a normalidade do usual. Logo foi possível concluir que a moda brasileira precisava dela e de suas criações intemporais, divertidas e cheias de personalidade. Outrossim, trata-se de um raro exemplo de estilista brasileira que não se inspira nas criações do lado de cima da linha do Equador. Tem identidade marcante, algo raro para qualquer cabecinha fashion. Não que ela tenha escapado de rótulos. Rainha da tropicália, a moça das flores ou a diva das estampas são alguns deles. De fato ela é a perfeita tradução de tudo isto. Mas os anos fizeram bem à marca, que começou em 2002 e nunca mais parou de se reinventar. Para começar, sua essência é um esmerado e único trabalho de estamparia digital. Redundante é falar que sua label tem qualidade.
Hoje Adriana Barra oferece lifestyle, quesito fundamental para uma empresa que soube se manter jovem, saiu da mesmice dos vestidos longos e emplacou uma mulher cosmopolita com itens para todos os gostos. Os nascidos na nação verde-e-amarela diriam que suas clientes vivem entre São Paulo e Rio de Janeiro. Mas a verdade é que a mulher que veste suas ideias frequenta os melhores resorts do planeta. É possível afirmar que ela tem um pezinho nos anos 1960 – a supermodelo Twiggy, se viva fosse, ficaria espantada ao notar que a moda da década que lhe rendeu fama pode ser pra lá de careta. Adriana é puro luxo. Não o desgastado e alardeado por aí. É o luxo simples de quem sabe que a simplicidade é sempre boa aliada da alegria e de quem tem estilo de sobra para oferecer.
Antonio Trigo, jornalista, passou pelas redações de Vogue, RG e Wish Report e colaborador nas edições brasileiras de Marie Claire e Harper’s Bazaar.